Tempos Modernos
Título do filme:
TEMPOS MODERNOS (EUA 1936)
Direção: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Paulette Goddard, 87 min. preto e branco, Continental
Direção: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Paulette Goddard, 87 min. preto e branco, Continental
RESUMO
Tempos Modernos
Título do filme:
TEMPOS MODERNOS (EUA 1936)
Direção: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Paulette Goddard, 87 min. preto e branco, Continental
Direção: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Paulette Goddard, 87 min. preto e branco, Continental
RESUMO
Trata-se do último filme mudo de Chaplin, que
focaliza a vida urbana nos Estados Unidos nos anos 30, imediatamente após a
crise de 1929, quando a depressão atingiu toda sociedade norte-americana,
levando grande parte da população ao desemprego e à fome.
A figura central do filme é Carlitos, o personagem clássico de Chaplin, que
ao conseguir emprego numa grande indústria, transforma-se em líder grevista
conhecendo uma jovem, por quem se apaixona. O filme focaliza a vida do na
sociedade industrial caracterizada pela produção com base no sistema de linha
de montagem e especialização do trabalho. É uma crítica à
"modernidade" e ao capitalismo representado pelo modelo de
industrialização, onde o operário é engolido pelo poder do capital e perseguido
por suas idéias "subversivas".
Se inicialmente o lançamento do filme chegou a dar prejuízo, mais tarde tornou-se um clássico na história do cinema. Chegou a ser proibido na Alemanha de Hilter e na Itália de Mussolini por ser considerado "socialista". Aliás, nesse aspecto Chaplin foi boicotado também em seu próprio país na época do "macartismo".
Juntamente com O Garoto e O Grande Ditador, Tempos Modernos está entre os
filmes mais conhecidos do ator e diretor Charles Chaplin, sendo considerado um
marco na história do cinema.
TEMPOS MODERNOS foi produzido no ano de
1936 e se constitui em uma das mais expressivas críticas que o cinema promoveu,
tendo como tema central a sociedade
industrial capitalista. Nenhuma questão relevante passou despercebida à
inteligência crítica de Charlie Chaplin, que em 87 minutos sintetizou a agonia
secular de uma maioria oprimida e marginalizada - a classe trabalhadora. Não constitui obra do acaso, o fato deste
ter sido o último filme em
que Chaplin trabalha o personagem do vagabundo Carlitos, já que é
uma síntese perfeita da sua visão sobre o
Capitalismo, que vinha apresentando ao público em conta-gotas.
O filme inicia mostrando ao fundo um
grande relógio, o símbolo maior dos Tempos
Modernos. Tempo é dinheiro e
reside aí o espírito do capitalismo.
Um passo à frente, temos um rebanho de gado-gente, correndo desesperado para o
abatedouro-fábrica. Chaplin não esconde sua visão da bestialidade humana. Gente
que se submete a viver amontoada, sem propósito, como gado domesticado. Mais do
que o Capitalismo, critica
profundamente a Sociedade Industrial,
seu ritmo alucinante, a falta de qualidade de vida e seus propósitos
irracionais. Evidencia que a velocidade da máquina não pode ser a velocidade do
ser humano, sob pena de não termos mais seres humanos, apenas bestas humanas.
O relógio, as pessoas caminhando como
gado, já seriam elementos suficientes para analisarmos com mais consciência o
sistema de vida proporcionado pela visão industrial-capitalista. Mas, ele
aprofunda ainda mais esta sua crítica ao abordar, com detalhes, a questão da Linha de Montagem e suas seqüelas
desastrosas na psique humana. O esforço humano em trabalhar como um relógio,
dentro de um sistema de repetição mecânica, contínua e cronometrada, acaba por
levar a pessoa a ficar com sérios problemas neurológicos e psicológicos. Os
mais fortes acabam sobrevivendo como se fossem máquinas, em um cotidiano sem
esperança, criatividade ou alegria, onde a única atividade é a repetição de um
par de gestos mecânicos simples.
Como conseqüência direta da implantação
da Linha de Montagem e a busca
sistemática do seu aperfeiçoamento, visando unicamente a produção, temos uma
lógica produtiva que desqualifica, em pouco tempo, muitos trabalhadores como
mão-de-obra apta para o sistema. Estas pessoas mais sensíveis à ação danosa do Fordismo-Taylorismo, são
peremptoricamente levadas para Instituições-Depósito,
como é o caso dos hospitais, asilos, manicômios e até penitenciárias -
dependendo de cada caso e da resposta de desajustamento social dada pelo
trabalhador vítima do sistema estressante e alienante .
Nenhuma outra obra de arte conseguiu
expressar melhor este sentimento de impotência que a maioria oprimida sente
diante dos mecanismos impessoais do sistema capitalista-industrial, como no
quadro em que Carlitos
é literalmente tragado pela grande
máquina. Cena bela e extraordinariamente repleta de significado: o homem
moderno absorvido por completo, de forma paralisante, pelas engrenagens do
sistema. O homem devorado pela máquina, por ela é usado até o seu limite.
Trocando de papéis, a máquina faz do homem uma máquina, que ao chegar ao seu
esgotamento físico é jogada na lixeira do mundo produtivo - as Instituições-depósito.
Este é o lado mais cruel da sociedade
industrial, um monstro devorador de vidas. A máquina aparece como um
Capitão-do-mato que se mudou para a cidade. Os escravos agora passam a
responder pelo nome de trabalhadores ou
proletários. Esta maioria é vista
pelo patrão como um grande ônus,
sendo que todo o esforço do capitalista,
proprietário das máquinas, vai ser no sentido de tirar o máximo proveito
possível da relação homem-máquina, considerando mais as perdas advindas com o
uso inadequado da máquina do que com questões sobre o trabalhador e a sociedade
como um todo.
A sociedade capitalista vai explorar ao
máximo a força de trabalho, contando para isso com diversos APARELHOS DE
ESTADO, como os Aparelhos Ideológicos:
Meios de Comunicação (TV, rádio, jornal, revista, internet...), Igreja, Escola;
e os Aparelhos Coercitivos: Polícia,
Justiça, Forças Armadas, etc. O Estado
então, não é uma força política neutra, que vai gerir a coisa pública em
nome de todos e em benefício de todos; mas, irá garantir a dominação de classe. Isto é, vai consolidar a
exploração da maioria não proprietária dos meios
de produção, por uma minoria proprietária do Capital e dos Meios de
Produção (máquinas, prédios, terras, matéria prima).
Utilizando da aparência de instituições
neutras, Aparelhos Ideológicos como a polícia, vão trabalhar incessantemente
para proteger os interesses do capital, contra a revolta da classe explorada,
marginalizada e despossuída. Em Tempos Modernos ,
são inúmeras as vezes que Chaplin evidencia esse papel ideológico das
instituições, como é o caso da polícia reprimindo greves, manifestações de
desempregados, ou até prendendo uma menina faminta por ter furtado um pedaço de
pão. Em nenhum momento o patrão desalmado que tanto explora e do dia para a
noite coloca na rua da amargura milhares de trabalhadores, é molestado pela
polícia. Esta vai reprimir uma menina que se recusa a morrer de fome ou ser
enterrada viva em um orfanato.
Um dos pontos cruciais da obra-prima de
Chaplin diz respeito à questão do consumo e a expectativa que a sociedade
industrial traz para as pessoas quanto à posse do maior número possível de
gêneros. Carlitos e sua namorada, quando entram em uma Loja de Departamentos
pela primeira vez em suas vidas, primeiramente vão até a confeitaria saciar a
fome e a sede, para logo em seguida se dirigirem ao quarto andar, onde estão os
brinquedos. Da infância feliz que não tiveram, passam para as roupas e móveis,
que como adultos também jamais terão condições de possuir. Ao casal pobre resta
o consolo de sonhar. Para um sistema que se diz de Pleno Consumo, eis aí uma crítica forte e consistente.
Chaplin reforça a frustração do não
consumo em uma sociedade baseada no consumo, quando o seu personagem propõe à
namorada pensar como eles seriam felizes morando em uma casa de classe média.
Idealiza um casal feliz, com fartura à mesa. Tudo ilusão, é claro! Pois, para a
classe a que pertencem, sobra no máximo um barraco velho e abandonado na
periferia da cidade.
Ponto importante para reflexão são as
respostas diferentes que os vários personagens deram diante das dificuldades
que enfrentaram durante o período de recessão que os EUA vivenciaram na década
de vinte, a GRANDE DEPRESSÃO. Enquanto a menina promovia pequenos furtos, seu
pai procurava emprego honestamente, ao mesmo tempo que participava dos
movimentos operários que tinham como objetivo pressionar o Estado a resolver a
crise econômica. Já Carlitos, por ser mão-de-obra não especializada, diante da
realidade crua do desemprego, optou por se esforçar ao máximo para ficar na
cadeia, onde pelos menos tinha garantida moradia e alimentação. Seu amigo Big
Bill, que trabalhou com ele na linha de montagem apertando parafusos, ao ser
despedido, acabou optando pela marginalidade mais radical, se juntando a outros
desempregados armados para assaltar a Loja de Departamentos.
CONTEXTO HISTÓRICO
Em apenas três anos após a crise de 1929, a produção industrial norte-americana
reduziu-se pela metade. A falência atingiu cerca de 130 mil estabelecimentos e
10 mil bancos. As mercadorias que não tinham compradores eram literalmente
destruídas, ao mesmo tempo em que milhões de pessoas passavam fome. Em 1933 o
país contava com 17 milhões de desempregados. Diante de tal realidade o governo
presidido por H. Hoover, a quem os trabalhadores apelidaram de "presidente
da fome", procurou auxiliar as grandes empresas capitalistas,
representadas por industriais e banqueiros, nada fazendo contudo, para reduzir
o grau de miséria das camadas populares. A luta de classes se radicalizou,
crescendo a consciência política e organização do operariado, onde o Partido
Comunista, apesar de pequeno, conseguiu mobilizar importantes setores da classe
trabalhadora.
Nos primeiros anos da década de 30, a crise se refletia por todo mundo
capitalista, contribuindo para o fortalecimento do nazifascismo europeu. Nos
Estados Unidos em 1932 era eleito pelo Partido Democrático o presidente
Franklin Delano Roosevelt, um hábil e flexível político que anunciou um
"novo curso" na administração do país, o chamado New Deal. A
prioridade do plano era recuperar a economia abalada pela crise combatendo seu
principal problema social: o desemprego. Nesse sentido o Congresso
norte-americano aprovou resoluções para recuperação da indústria nacional e da
economia rural.
Através de uma maior intervenção sobre a economia, já que a crise era do
modelo econômico liberal, o governo procurou estabelecer certo controle sobre a
produção, com mecanismos como os "códigos de concorrência honrada",
que estabeleciam quantidade a ser produzida, preço dos produtos e salários. A
intenção era também evitar a manutenção de grandes excedentes agrícolas e
industriais. Para combater o desemprego, foi reduzida a semana de trabalho e
realizadas inúmeras obras públicas, que absorviam a mão-de-obra ociosa,
recuperando paulatinamente os níveis de produção e consumo anteriores à crise.
O movimento operário crescia consideravelmente e em seis anos, de 1934 a 1940, estiveram em
greve mais de oito milhões de trabalhadores. Pressionado pela mobilização
operária, o Congresso aprovou uma lei que reconhecia o direito de associação
dos trabalhadores e de celebração de contratos coletivos de trabalho com os
empresários.
Apesar do empresariado não ter concordado com o elevado grau de interferência do Estado em seus negócios, não se pode negar que essas medidas do New Deal de Roosevelt visavam salvar o próprio sistema capitalista, o que acabou possibilitando possibilitou sua reeleição em duas ocasiões.
Apesar do empresariado não ter concordado com o elevado grau de interferência do Estado em seus negócios, não se pode negar que essas medidas do New Deal de Roosevelt visavam salvar o próprio sistema capitalista, o que acabou possibilitando possibilitou sua reeleição em duas ocasiões.
OPINIÃO CRÍTICA
Um excelente filme que retrata com a realidade de uma época, um registro de
momento da história recente. O filme exprime as diversas realidade de se
contrapondo em momento de mudança de cultura na economia munidal. Com o advento
da industrialização, a necessidade de produzir com baixos custos, etc. Processo
necessário e inrreversível.
Tempos Modernos satiriza a
industrialização, utilizando cenas de sofrimento mostra a sociedade americana
pós crise de Wal Street (1929), num constante movimento de máquinas, homens e
Estado (representado pela força policial) buscando a adequação social, isso os
coloca em inevitável conflito.
Podemos encontrar um paralelo entre a época do filme “Tempos Modernos” e
nossa época, agora temos o advento da “Tecnologia Moderna”, a Informática, a
Robótica, a Globalização. Mudanças impostas e que são inrreversíveis.
Inevitavelmente surgem grupos de pessoas para contrapor aos males e
consequências que negavelmente surgem.
Comparando
as cenas mostradas no filme Tempos
Modernos, com a
situação atual, podemos afirmar, que apesar das tecnologias de ponta empregadas,
atualmente na produção industrial, a condição sócio-econômica do homem continua
relegada a segundo plano e conforme podemos constatar, através do filme supra,
a implantação do sistema de esteiras móveis nas fábricas, tinha como finalidade aumentar a
produtividade das indústrias. Só que esse novo processo produtivo só trouxe
benefícios para a classe patronal, que a partir daquele momento tinha como
principal triunfo a institucionalização do processo de mais valia.
Enquanto
que os
operários
eram cada vez mais explorados, pois não tinham os seus direitos trabalhistas
respeitados e eram obrigados a produzirem sempre mais, fato esse que deixava-os
muitas vezes estafados e/ou neuróticos (robotizados) em função das condições de trabalho
e do aviltamento salarial estabelecido pelos empresários. E em virtude dessa
insatisfação da classe operária surgiram os
movimentos grevistas, que tinham como pauta de reivindicação, melhorias das
condições salariais e de trabalho. Esses movimentos foram reprimidos pelos
patrões, que por sua vez, acionaram as autoridades policiais, que cuidaram do
esvaziamento desse movimento para garantir o retorno das atividades fabris.
Apesar
dessa situação adversa, que prevalece até a presente data, o operariado sonha
em ter sua casa própria, constituir família e participar da vida social. Só que
na maioria das vezes esses sonhos não se tornam realidade porque a precária
condição econômica e social imposta ao trabalhador não lhe permite saciar suas
necessidades pessoais e primordiais, tais como: as de caráter sociais,
financeiras, habitacionais, nutricionais etc. E o pior de tudo é que esses
fatos até hoje, ainda fazem parte da vida da maioria dos trabalhadores
brasileiros, que são vítimas dos empresários gananciosos que predominam na
iniciativa privada e, que agem em nome do capitalismo selvagem, onde prevalecem
os dados numéricos, estatísticos, financeiros e outros que venham satisfazer os
interesses da burguesia elitista que predomina no país.
Assim
sendo, a classe trabalhadora que luta no seu dia-a-dia por dias melhores fica
cada vez excluída da sociedade (segregação social), sem emprego e sem
perspectiva de realizar ou conquistar sua pretensão pessoal, que em muitos
casos são até mesmo indispensáveis para a subsistência desses operários.
O filme será sempre um referêncial na reflexão sobre as mudanças da
economia e modo de viver das sociedades.
ATIVIDADES AVALIATIVAS DO FILME
1º) Qual o contexto histórico que retrata o filme Tempos Modernos?
2º) Qual é a visão retratada pelo filme sobre o Capitalismo?
3º) Como o filme retrata a GRANDE DEPRESSÃO – “Crise de 1929” nos EUA?
4º) Qual é a paralelo que o filme “Tempos Modernos” faz com a nossa situação atual?
5º) Como é retratado as desigualdes sociais no Filme?
6º) Porque Carlitos foi preso e taxado de “líder comunista” no Filme?
7º) A doença adquirida por Carlitos no Filme ocorreu por quais motivos?
8º) Qual são os dois personagens mais importantes do filme?
9º) Qual era o sonho que a maioria dos operarios tinham e ainda tem nos
dias atuais, evidenciado no Filme?
10º) Faça um resumo crítico sobre o filme “Tempos Modernos” e o que ele representa
para o contexto moderno atual.
Trata-se do último filme mudo de Chaplin, que
focaliza a vida urbana nos Estados Unidos nos anos 30, imediatamente após a
crise de 1929, quando a depressão atingiu toda sociedade norte-americana,
levando grande parte da população ao desemprego e à fome.
A figura central do filme é Carlitos, o personagem clássico de Chaplin, que
ao conseguir emprego numa grande indústria, transforma-se em líder grevista
conhecendo uma jovem, por quem se apaixona. O filme focaliza a vida do na
sociedade industrial caracterizada pela produção com base no sistema de linha
de montagem e especialização do trabalho. É uma crítica à
"modernidade" e ao capitalismo representado pelo modelo de
industrialização, onde o operário é engolido pelo poder do capital e perseguido
por suas idéias "subversivas".
Se inicialmente o lançamento do filme chegou a dar prejuízo, mais tarde tornou-se um clássico na história do cinema. Chegou a ser proibido na Alemanha de Hilter e na Itália de Mussolini por ser considerado "socialista". Aliás, nesse aspecto Chaplin foi boicotado também em seu próprio país na época do "macartismo".
Juntamente com O Garoto e O Grande Ditador, Tempos Modernos está entre os
filmes mais conhecidos do ator e diretor Charles Chaplin, sendo considerado um
marco na história do cinema.
TEMPOS MODERNOS foi produzido no ano de
1936 e se constitui em uma das mais expressivas críticas que o cinema promoveu,
tendo como tema central a sociedade
industrial capitalista. Nenhuma questão relevante passou despercebida à
inteligência crítica de Charlie Chaplin, que em 87 minutos sintetizou a agonia
secular de uma maioria oprimida e marginalizada - a classe trabalhadora. Não constitui obra do acaso, o fato deste
ter sido o último filme em
que Chaplin trabalha o personagem do vagabundo Carlitos, já que é
uma síntese perfeita da sua visão sobre o
Capitalismo, que vinha apresentando ao público em conta-gotas.
O filme inicia mostrando ao fundo um
grande relógio, o símbolo maior dos Tempos
Modernos. Tempo é dinheiro e
reside aí o espírito do capitalismo.
Um passo à frente, temos um rebanho de gado-gente, correndo desesperado para o
abatedouro-fábrica. Chaplin não esconde sua visão da bestialidade humana. Gente
que se submete a viver amontoada, sem propósito, como gado domesticado. Mais do
que o Capitalismo, critica
profundamente a Sociedade Industrial,
seu ritmo alucinante, a falta de qualidade de vida e seus propósitos
irracionais. Evidencia que a velocidade da máquina não pode ser a velocidade do
ser humano, sob pena de não termos mais seres humanos, apenas bestas humanas.
O relógio, as pessoas caminhando como
gado, já seriam elementos suficientes para analisarmos com mais consciência o
sistema de vida proporcionado pela visão industrial-capitalista. Mas, ele
aprofunda ainda mais esta sua crítica ao abordar, com detalhes, a questão da Linha de Montagem e suas seqüelas
desastrosas na psique humana. O esforço humano em trabalhar como um relógio,
dentro de um sistema de repetição mecânica, contínua e cronometrada, acaba por
levar a pessoa a ficar com sérios problemas neurológicos e psicológicos. Os
mais fortes acabam sobrevivendo como se fossem máquinas, em um cotidiano sem
esperança, criatividade ou alegria, onde a única atividade é a repetição de um
par de gestos mecânicos simples.
Como conseqüência direta da implantação
da Linha de Montagem e a busca
sistemática do seu aperfeiçoamento, visando unicamente a produção, temos uma
lógica produtiva que desqualifica, em pouco tempo, muitos trabalhadores como
mão-de-obra apta para o sistema. Estas pessoas mais sensíveis à ação danosa do Fordismo-Taylorismo, são
peremptoricamente levadas para Instituições-Depósito,
como é o caso dos hospitais, asilos, manicômios e até penitenciárias -
dependendo de cada caso e da resposta de desajustamento social dada pelo
trabalhador vítima do sistema estressante e alienante .
Nenhuma outra obra de arte conseguiu
expressar melhor este sentimento de impotência que a maioria oprimida sente
diante dos mecanismos impessoais do sistema capitalista-industrial, como no
quadro em que Carlitos
é literalmente tragado pela grande
máquina. Cena bela e extraordinariamente repleta de significado: o homem
moderno absorvido por completo, de forma paralisante, pelas engrenagens do
sistema. O homem devorado pela máquina, por ela é usado até o seu limite.
Trocando de papéis, a máquina faz do homem uma máquina, que ao chegar ao seu
esgotamento físico é jogada na lixeira do mundo produtivo - as Instituições-depósito.
Este é o lado mais cruel da sociedade
industrial, um monstro devorador de vidas. A máquina aparece como um
Capitão-do-mato que se mudou para a cidade. Os escravos agora passam a
responder pelo nome de trabalhadores ou
proletários. Esta maioria é vista
pelo patrão como um grande ônus,
sendo que todo o esforço do capitalista,
proprietário das máquinas, vai ser no sentido de tirar o máximo proveito
possível da relação homem-máquina, considerando mais as perdas advindas com o
uso inadequado da máquina do que com questões sobre o trabalhador e a sociedade
como um todo.
A sociedade capitalista vai explorar ao
máximo a força de trabalho, contando para isso com diversos APARELHOS DE
ESTADO, como os Aparelhos Ideológicos:
Meios de Comunicação (TV, rádio, jornal, revista, internet...), Igreja, Escola;
e os Aparelhos Coercitivos: Polícia,
Justiça, Forças Armadas, etc. O Estado
então, não é uma força política neutra, que vai gerir a coisa pública em
nome de todos e em benefício de todos; mas, irá garantir a dominação de classe. Isto é, vai consolidar a
exploração da maioria não proprietária dos meios
de produção, por uma minoria proprietária do Capital e dos Meios de
Produção (máquinas, prédios, terras, matéria prima).
Utilizando da aparência de instituições
neutras, Aparelhos Ideológicos como a polícia, vão trabalhar incessantemente
para proteger os interesses do capital, contra a revolta da classe explorada,
marginalizada e despossuída. Em Tempos Modernos ,
são inúmeras as vezes que Chaplin evidencia esse papel ideológico das
instituições, como é o caso da polícia reprimindo greves, manifestações de
desempregados, ou até prendendo uma menina faminta por ter furtado um pedaço de
pão. Em nenhum momento o patrão desalmado que tanto explora e do dia para a
noite coloca na rua da amargura milhares de trabalhadores, é molestado pela
polícia. Esta vai reprimir uma menina que se recusa a morrer de fome ou ser
enterrada viva em um orfanato.
Um dos pontos cruciais da obra-prima de
Chaplin diz respeito à questão do consumo e a expectativa que a sociedade
industrial traz para as pessoas quanto à posse do maior número possível de
gêneros. Carlitos e sua namorada, quando entram em uma Loja de Departamentos
pela primeira vez em suas vidas, primeiramente vão até a confeitaria saciar a
fome e a sede, para logo em seguida se dirigirem ao quarto andar, onde estão os
brinquedos. Da infância feliz que não tiveram, passam para as roupas e móveis,
que como adultos também jamais terão condições de possuir. Ao casal pobre resta
o consolo de sonhar. Para um sistema que se diz de Pleno Consumo, eis aí uma crítica forte e consistente.
Chaplin reforça a frustração do não
consumo em uma sociedade baseada no consumo, quando o seu personagem propõe à
namorada pensar como eles seriam felizes morando em uma casa de classe média.
Idealiza um casal feliz, com fartura à mesa. Tudo ilusão, é claro! Pois, para a
classe a que pertencem, sobra no máximo um barraco velho e abandonado na
periferia da cidade.
Ponto importante para reflexão são as
respostas diferentes que os vários personagens deram diante das dificuldades
que enfrentaram durante o período de recessão que os EUA vivenciaram na década
de vinte, a GRANDE DEPRESSÃO. Enquanto a menina promovia pequenos furtos, seu
pai procurava emprego honestamente, ao mesmo tempo que participava dos
movimentos operários que tinham como objetivo pressionar o Estado a resolver a
crise econômica. Já Carlitos, por ser mão-de-obra não especializada, diante da
realidade crua do desemprego, optou por se esforçar ao máximo para ficar na
cadeia, onde pelos menos tinha garantida moradia e alimentação. Seu amigo Big
Bill, que trabalhou com ele na linha de montagem apertando parafusos, ao ser
despedido, acabou optando pela marginalidade mais radical, se juntando a outros
desempregados armados para assaltar a Loja de Departamentos.
CONTEXTO HISTÓRICO
Em apenas três anos após a crise de 1929, a produção industrial norte-americana
reduziu-se pela metade. A falência atingiu cerca de 130 mil estabelecimentos e
10 mil bancos. As mercadorias que não tinham compradores eram literalmente
destruídas, ao mesmo tempo em que milhões de pessoas passavam fome. Em 1933 o
país contava com 17 milhões de desempregados. Diante de tal realidade o governo
presidido por H. Hoover, a quem os trabalhadores apelidaram de "presidente
da fome", procurou auxiliar as grandes empresas capitalistas,
representadas por industriais e banqueiros, nada fazendo contudo, para reduzir
o grau de miséria das camadas populares. A luta de classes se radicalizou,
crescendo a consciência política e organização do operariado, onde o Partido
Comunista, apesar de pequeno, conseguiu mobilizar importantes setores da classe
trabalhadora.
Nos primeiros anos da década de 30, a crise se refletia por todo mundo
capitalista, contribuindo para o fortalecimento do nazifascismo europeu. Nos
Estados Unidos em 1932 era eleito pelo Partido Democrático o presidente
Franklin Delano Roosevelt, um hábil e flexível político que anunciou um
"novo curso" na administração do país, o chamado New Deal. A
prioridade do plano era recuperar a economia abalada pela crise combatendo seu
principal problema social: o desemprego. Nesse sentido o Congresso
norte-americano aprovou resoluções para recuperação da indústria nacional e da
economia rural.
Através de uma maior intervenção sobre a economia, já que a crise era do
modelo econômico liberal, o governo procurou estabelecer certo controle sobre a
produção, com mecanismos como os "códigos de concorrência honrada",
que estabeleciam quantidade a ser produzida, preço dos produtos e salários. A
intenção era também evitar a manutenção de grandes excedentes agrícolas e
industriais. Para combater o desemprego, foi reduzida a semana de trabalho e
realizadas inúmeras obras públicas, que absorviam a mão-de-obra ociosa,
recuperando paulatinamente os níveis de produção e consumo anteriores à crise.
O movimento operário crescia consideravelmente e em seis anos, de 1934 a 1940, estiveram em
greve mais de oito milhões de trabalhadores. Pressionado pela mobilização
operária, o Congresso aprovou uma lei que reconhecia o direito de associação
dos trabalhadores e de celebração de contratos coletivos de trabalho com os
empresários.
Apesar do empresariado não ter concordado com o elevado grau de interferência do Estado em seus negócios, não se pode negar que essas medidas do New Deal de Roosevelt visavam salvar o próprio sistema capitalista, o que acabou possibilitando possibilitou sua reeleição em duas ocasiões.
Apesar do empresariado não ter concordado com o elevado grau de interferência do Estado em seus negócios, não se pode negar que essas medidas do New Deal de Roosevelt visavam salvar o próprio sistema capitalista, o que acabou possibilitando possibilitou sua reeleição em duas ocasiões.
OPINIÃO CRÍTICA
Um excelente filme que retrata com a realidade de uma época, um registro de
momento da história recente. O filme exprime as diversas realidade de se
contrapondo em momento de mudança de cultura na economia munidal. Com o advento
da industrialização, a necessidade de produzir com baixos custos, etc. Processo
necessário e inrreversível.
Tempos Modernos satiriza a
industrialização, utilizando cenas de sofrimento mostra a sociedade americana
pós crise de Wal Street (1929), num constante movimento de máquinas, homens e
Estado (representado pela força policial) buscando a adequação social, isso os
coloca em inevitável conflito.
Podemos encontrar um paralelo entre a época do filme “Tempos Modernos” e
nossa época, agora temos o advento da “Tecnologia Moderna”, a Informática, a
Robótica, a Globalização. Mudanças impostas e que são inrreversíveis.
Inevitavelmente surgem grupos de pessoas para contrapor aos males e
consequências que negavelmente surgem.
Comparando
as cenas mostradas no filme Tempos
Modernos, com a
situação atual, podemos afirmar, que apesar das tecnologias de ponta empregadas,
atualmente na produção industrial, a condição sócio-econômica do homem continua
relegada a segundo plano e conforme podemos constatar, através do filme supra,
a implantação do sistema de esteiras móveis nas fábricas, tinha como finalidade aumentar a
produtividade das indústrias. Só que esse novo processo produtivo só trouxe
benefícios para a classe patronal, que a partir daquele momento tinha como
principal triunfo a institucionalização do processo de mais valia.
Enquanto
que os
operários
eram cada vez mais explorados, pois não tinham os seus direitos trabalhistas
respeitados e eram obrigados a produzirem sempre mais, fato esse que deixava-os
muitas vezes estafados e/ou neuróticos (robotizados) em função das condições de trabalho
e do aviltamento salarial estabelecido pelos empresários. E em virtude dessa
insatisfação da classe operária surgiram os
movimentos grevistas, que tinham como pauta de reivindicação, melhorias das
condições salariais e de trabalho. Esses movimentos foram reprimidos pelos
patrões, que por sua vez, acionaram as autoridades policiais, que cuidaram do
esvaziamento desse movimento para garantir o retorno das atividades fabris.
Apesar
dessa situação adversa, que prevalece até a presente data, o operariado sonha
em ter sua casa própria, constituir família e participar da vida social. Só que
na maioria das vezes esses sonhos não se tornam realidade porque a precária
condição econômica e social imposta ao trabalhador não lhe permite saciar suas
necessidades pessoais e primordiais, tais como: as de caráter sociais,
financeiras, habitacionais, nutricionais etc. E o pior de tudo é que esses
fatos até hoje, ainda fazem parte da vida da maioria dos trabalhadores
brasileiros, que são vítimas dos empresários gananciosos que predominam na
iniciativa privada e, que agem em nome do capitalismo selvagem, onde prevalecem
os dados numéricos, estatísticos, financeiros e outros que venham satisfazer os
interesses da burguesia elitista que predomina no país.
Assim
sendo, a classe trabalhadora que luta no seu dia-a-dia por dias melhores fica
cada vez excluída da sociedade (segregação social), sem emprego e sem
perspectiva de realizar ou conquistar sua pretensão pessoal, que em muitos
casos são até mesmo indispensáveis para a subsistência desses operários.
O filme será sempre um referêncial na reflexão sobre as mudanças da
economia e modo de viver das sociedades.
ATIVIDADES AVALIATIVAS DO FILME
1º) Qual o contexto histórico que retrata o filme Tempos Modernos?
2º) Qual é a visão retratada pelo filme sobre o Capitalismo?
3º) Como o filme retrata a GRANDE DEPRESSÃO – “Crise de 1929” nos EUA?
4º) Qual é a paralelo que o filme “Tempos Modernos” faz com a nossa situação atual?
5º) Como é retratado as desigualdes sociais no Filme?
6º) Porque Carlitos foi preso e taxado de “líder comunista” no Filme?
7º) A doença adquirida por Carlitos no Filme ocorreu por quais motivos?
8º) Qual são os dois personagens mais importantes do filme?
9º) Qual era o sonho que a maioria dos operarios tinham e ainda tem nos
dias atuais, evidenciado no Filme?
10º) Faça um resumo crítico sobre o filme “Tempos Modernos” e o que ele representa
para o contexto moderno atual.